segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Tudo o que se disser sobre as mulheres será pouco. O Universo é feminino. A Criação é feminina. Quando alguns dizem que Deus é feminino, eu quase que acredito; só não acredito porque sei que Deus é muito mais que um sexo. Mas no que toca a criar... a gerar.... e, sem o menor medo de errar.... a grandeza, a grandiosidade, a infinitude, a eternidade.... e a beleza da mulher é infinita. Nem quero falar nisso agora.... vou escrever a respeito em outra hora. Quero me ater agora a trechos de um livro impressionante... PERSONAS SEXUAIS, da Camille Paglia... pura e simplesmente genial... uma das coisas mais deliciosas que já li em minha vida.... quando ela fala da mulher (vou deixar de lado a Camille, bissexual, etc., etc., etc.... isso não interessa agora). É o que sinto sobre a mulher. É como a mulher me atrai. É como a vejo. Ela usa a estátua da Vênus de Willendorf. Ela usa palavras que literalmente GRUDAM no meu espírito. Vou me resumir a elas... "Nela, vemos todas as estranhas leis do primitivo culto da terra. A mulher é ídolo e objeto, deusa e prisioneira. Está sepultada na massa volumosa de seu corpo fecundo. .... as cavernas eram as entranhas das deusas... A Vênus de Willendorf traz consigo a sua caverna. É a nuvem da noite arcaica. Volumosa, bulbosa, borbulhante. A Vênus de Willendorf, curvada sobre a própria barriga, cuida do caldeirão da natureza. Elca choca, em todos os sentidos. É galinha, ninho, ovo. No latim, "mater" e "materia" estão etimologicamente relacionadas. A Vênus de Willendorf é a mãe natureza como treva primeva, supurando formas infantis. É túmida de força primal, inchada de grandes esperanças. A mulher é imóvel, sobrecarregada com seus montes inchados de seios, barriga e nádegas. A Vênus de Willendorf é uma espécie de meteorito, um objeto estranho encontrado, nodoso e místico. A vênus em forma de ovo pensa em círculos. Mente sob matéria. O sexo, já disse, é uma descida aos reinos inferiores, um afundar diário do culto do céu para o culto da terra. É abdominal, abominável, daimônico. A Vênus de Willendorf esá descendo, desaparecendo em seu próprio labirinto. É um tubérculo, desenterrado de um bolsão de terra. É no seu santuário que rezamos no sexo oral (pulo para outra página...." Daí a engulir as partes do deus ser um ato e amor físico. Talvez haja um elemento de omofagia em todo sexo oral, um ritual místico reverente e sádico"). Nas entranhas da mãe terra, sentimos que não pensamos nem vemos. O bamboleio feminino é o andar de pato de nossa rebolante Willendof que nada no rio subterrâneo da natureza líquida. Sexo é sondagem, encanamento, secreções, esguichos. A Vênus é sonolenta e sondadora, ouvindo o movimento em sua bolsa de água. A mulher está presa em seu corpo ondulante, aguado. Tem de ouvir e aprender com uma coisa que está além e no entanto dentro dela. Não há retas na Vênus de Willendorf, só curvas e círculos. Ela é a ausência de formas da natureza. Está atolada no pântano miasmático que identifico com Dionísio. A vida sempre começa e termina em sordidez. A Vênus de Willendorf, curvada, desleixada, suja, está no cio, no útero-túmulo da mãe-natureza. Nunca mandes perguntar por quem dobra a bela. Ela dobra por ti." GENIAL. O resto é silêncio.

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