domingo, 24 de outubro de 2010

A INTERNET A SOLIDÃO E A ENTREGA









O ser humano convive com a doce ilusão de que é mergulhando na internet que estreita seus relacionamentos com o próximo. Não sabe ele que esse mergulho o atira nas profundezas de um oceano de solidão negro e gélido. Nada neste mundo cibernético poderá substituir o olhar, o abraço, a voz, o calor de um amigo, seja ele um pai, um irmão, um vizinho, uma paixão. Mas o ser humano está possuído pelo medo, verdadeiro terror do próximo. Porque o próximo sempre há de lhe trazer recordações e sensações humanas, o que está ficando cada vez mais proibido. Então o ser humano, animal dócil, domesticado, enjaulado, se alegra em ler na tela: “você tem 327 amigos”. Mas nenhum deles está perto para ouvir seus gritos, a batida de seu coração, as lágrimas que brotam no canto dos olhos, o frio que sente pelo corpo, a angústia que tranca a garganta e apunhala o peito. Trazer um semelhante para perto de si significa, hoje em dia, o mesmo que suicídio mediante ingestão de veneno: o próximo se transforma em um espelho que reflete nosso interior e nos faz lembrar de tudo o que tivemos que rejeitar, para podermos viver assim, nos acreditando livres, independentes e, acima de tudo, amados. Essa dor é maior que a morte. Então o ser humano prefere amar a si próprio admirando as respostas que vêm de uma tela, transformada em bola de cristal pela tecnologia, pela cibernética. O máximo que o cidadão sente, vivendo assim, é um eventual cansaço no olhar. E morre sem sentir dor. E vive sem saber o que seja o amor. (agradeço aos proprietários das fotos que busquei net afora... afinal.... nem amigos são, não é... porque meus amigos mesmo, não sei quem são, nem onde estão, nem posso pedir fotos a eles..... muito grato, de toda forma)

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