sábado, 17 de dezembro de 2011

ENVIRONEMENT, SURROUNDINGS, MEIO, AMBIENTE E BURRICE GERAL

SOBRE A ESDRÚXULA EXPRESSÃO “MEIO AMBIENTE”.

Eis aí outra expressão burra, institucionalizada pela “ignorantzia” reinante e imposta à força, de cima para baixo, no tão castigado folclore brasileiro, assim como a “homofobia” (já analisada, concluindo-se que o correto seria empregar a expressão consagrada pelos dicionários, homogamia e seu contrário, anti homogâmico), ambas de paternidade desconhecida e de não menos triste fama.
Vejamos. Comecemos pelo “meio”.
O que é “meio”, neste específico contexto?
Em consulta a alguns léxicos, ou calepinos (houve certa feita um monge agostiniano, morto em 1510, de nome Ambrózio Calepino, que passou a vida escrevendo um livro que colocasse as palavras em ordem alfabética “inventando”, assim, mais precisamente em 1502, o que hoje se conhece por “dicionário” ou léxico, ou vocabulário ou, ainda, simplesmente, calepino), temos que “meio”, para simplificar, é o centro, o ponto eqüidistante entre os extremos.
Partindo para a sociologia, ou a biologia, ou a ecologia, que é o que nos interessa, vamos descobrir que meio é um campo de estímulo ou de inibição entre qualquer unidade de matéria viva.
Dentro de uma célula, cada molécula rodeia as outras; dentro de um tecido, cada célula rodeia as outras; dentro de um organismo, cada órgão rodeia e estimula os outros, que se estimulam entre si. Dentro da “psiquê”, cada unidade psíquica atua como estímulo ou inibidor às demais zonas de tensão. Um indivíduo está rodeado de outros e um grupo de indivíduos está rodeado de outro.
Chega-se então, a uma definição específica de meio, a saber, “o campo de adaptação de qualquer organismo vivo, desde uma molécula até as Nações Unidas e a cibernética” que, segundo Norbert Wiener, é “a ciência das estruturas controladas ou auto controladas”.
Na ecologia se costuma empregar a expressão “habitat”, latim para habitação, morada, domicílio, ou área em que, de um modo geral, se realizam todas as atividades essenciais à vida, ou ainda, que é própria para ser ocupada por uma espécie, um indivíduo ou um grupo.
“Habitat” tem um sentido bem mais concreto que “meio”, no sentido de que traz consigo uma implicação espacial.
E sobre “ambiente”, então, o que dizer?
Ora, ambiente vem diretamente do verbo latino “ambios, ambivis, ambivi, ambitum, ambire – ambios, ivis, ivi, itum, ire", significando “andar ao redor, rodear, cercar, sitiar, investir”.
Daí alguns versos e expressões encontrados no idioma de Virgílio e Cícero, por exemplo, como “luna terram ambit” – a lua se move ao redor da terra; e “turris ambit mare” – o mar rodea as torres; “ambire insulum” – (o rio) forma uma ilha, entre outras.
O inigualável filólogo Professor Rosário Farani Mansur Guérios, de fama internacional, certa feita anotou no “Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa”, obra genial de Antenor Nascentes, edição de 1.932, ao lado do vocábulo “ambiente”, ali dado como sendo “o que cerca” e de origem latina, que “em termos físicos e biológicos, segundo as concepções de Taine, ambiente veio a significar também as circunstâncias sociais, tendo significado igual ao de meio”.
Destarte, a única conclusão viável, racional, é a de que “meio” tem o mesmo significado de “ambiente”. Ou seja: pronunciar a expressão “meio ambiente” é tão inteligente quanto dizer “líquido úmido”, ou “úmido molhado”, ou “deserto seco”, ou as conhecidas “grande maioria”, “entrar para dentro” e “subir para cima”, ou outras sandices que tais.
Os povos de língua inglesa, os bretões, costumam empregar o vocábulo “environment” para se referir ao meio.
Consultando-se qualquer vocabulário naquele idioma tido por alguns como bárbaro, veremos a palavra assim definida: “environment: all the conditions wich have an effect on growth and character”; procurando por “middle” encontraremos: “centre; equal distance between two points” e, finalmente, procurando por “centre”, encontramos: “middle; person or thing in the middle”.
Por sua vez, ao consultarmos um vocabulário inglês-português, vamos encontrar: “environment – meio, ambiente”.
Observando-se mais atentamente, vamos nos deparar com uma vírgula entre as duas palavras: “meio, VÍRGULA, ambiente”.
Em toda minha curta não obstante feérica e pirotécnica vida nunca observei, li ou ouvi algum desses bárbaros bretões pronunciar ou escrever algo como “we are talking about the surroundings environment”, por exemplo, ou ainda “the middle environment”.
Acredito que a pobre e insignificante vírgula tenha passado despercebida pelo semi-letrado que disseminou a abominável e empesteada expressão meio ambiente. Deve ter sido algum outro bárbaro mais bárbaro ainda. Só pode.
Enfim, os médicos nos orientam a não contrariar os loucos e os ignaros.

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